quinta-feira, novembro 26

Parte IV

Não importa se estou ocupada ou não, perto ou não, o nosso coração continua a bater junto,
numa mesma sintonia.
Te encontro no almoço, amo você.
Sua Mel

Sem Mel perto dele, pra Alex certeza a manhã não era a melhor parte do dia. Ainda era difícil pra ele não pensar no passado, quando ele estava sozinho em casa. Não lembrar que ele quase a perdeu por ser tão idiota. Mas não era tão ruim assim sentir saudades, aumentava a vontade de se ver, aumentava o amor, numa perfeita proporção. Mas nem tudo sempre foi assim, perfeito, entre eles... Há uns 10 anos antes, os pais de Mel não aceitavam de forma nenhuma que a filha deles namorasse um menino mais novo, Mel tinha 17 e Alex 15 na época, mas sabiam que não podiam impedir-la de amar aquele moleque.. Alex sempre foi um bom menino, seus pais tinha condições, ele era filho único e tinha tudo que queria, é por isso que ninguém entendia porque ele estava naquela situação. Sem Mel, sem seu amor, Alex se envolveu com as pessoas erradas e se viciou em coisas que não faziam bem a ele. Os pais dele não sabiam o que fazer, e Mel...bom Mel sofria até mais que ele, os pais dela proibiram que ela o visse, ela se martirizava tentando imaginar onde ele estava, se precisava dela, se ele ainda estava vivo... Tudo que ela queria era ajuda-lo, mas essa altura ela tinha duvidas se ele ainda a amava. Os pais de Alex resolveram que tira-lo da cidade seria o melhor, fizeram tudo em segredo, eles sabiam que Mel não iria aceitar viver sem Alex, mesmo que fosse só por 2 anos, e mesmo que aquele não fosse mais o Alex que ela amava. Estava tudo certo, ele viajaria no dia seguinte. E ele havia aceitado, só queria dar Tchau a sua Mel... Não era pedir demais. Eram 3hrs da manhã quando Mel despertou ouvindo um barulho que não era normal. Num pulo ela se levantou, e seu coração se encheu de esperança, ele esperou por ele todos esses meses, e então enfim, ele veio vê-la isso queria dizer que ele ainda a amava. Estava escuro, mais do que o normal, tudo ocorria pra que ele sentisse medo, mas ver Alex, pensar nele afastava qualquer pensamento ruim. Os sons estranhos que Mel estava ouvindo agora estavam aumentando, como se ele estivesse chegando mais perto, aumentando, mas alto a cada passo, agora aquilo estava começando a fazer ela tremar mas era de um jeito ruim. Ela andou pela casa, que não parecia a mesma de antes, a que ela via todos os dias, parecia outro lugar, assustador. Então ela o viu, sentado na porta da casa de pijama, olhando pro nada, perdido em seus pensamentos que haviam sido desligados dos dela faz tempo. Ele estava se balançando, para frente e para trás, nervoso. Tudo que ela queria era abraça-lo, beija-lo, mas ela sabia que aquele não era o Alex dela, além do mais, ela nem sabia se ele ainda a amava. Ele, estava calado, quando ouvi que ele se aproximava, levantou-se, olhou pra ela. Mel pensou pra si, que seria melhor que ele brigasse com ela, que falasse, que gritasse. Tudo era melhor do que o ver naquele silencio, do que ver ele sofrendo, morrendo sozinho. Então ela chegou mais perto, e Alex levantou a mãe esquerda, como se estivesse repreendendo-a por se aproximar, ela tremeu. Então ela tentou falar, quase gritou, e a única coisa que conseguiu foi: - Alex...
Ele deu de ombros, olhou pra rua, e voltou pra ela: - Olha Mel, eu só vim aqui te dizer que você não precisa mais se preocupar comigo, eu vou ficar bem... não precisa se preocupar mesmo, eu juro. eu vou voltar melhor... vai demorar, mas vai ser bom pra mim.
Mel deu mais um passo pra frente tocando sua mão na dele: - Voltar? Alex pra onde você vai? Como assim vai demorar? Eu vou com você!
Alex, chegou mais perto, tocou seus lábios com os dela, e a olhou no fundo os olhos, ela pode sentir uma lágrima. Então ele foi, ele simplesmente foi. Agora Mel entendia tudo, agora ela sabia que ele iria ficar bem, que ele iria voltar. Fazia tempo que ele não olhava nos olhos dela, mas a sintonia sempre foi a mesma, sempre esteve lá. E era tão fácil como sempre foi, entender tudo que estava acontecendo só com um olhar... Ela ficou feliz por saber que não tinha perdido a pratica. Naquele dia, Alex soube que Mel esperaria por ele, o tempo que fosse... Que ela o amava, e esse amor dava a ele forças para continuar, para se recuperar...
Depois de dois anos Alex voltou, era o mesmo. Mais bonito até, seus cachos agora maiores se espalhavam pela nuca, de um jeito desleixado, estava mais forte, e não seria mentira dizer que ele estava mais alto. Agora ele estava certo de que poderia fazer a Mel feliz, e ele faria... Era tudo que ele mais queria. Hoje em dia, ele costuma dizer que a Mel é a heroína dele, em todos os sentidos da palavra! A frase que que tão dizia pra ela, ficava colada na porta da geladeira dos dois, e ela costumava rir quando lia, mas além do riso, ela sentia um leve arrepio na coluna...

" o consumo de heroína faz mal e causa dependência. "

Francielle Santos.

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