quarta-feira, junho 2

Parte XI

Apesar dos olhos fechados, Mel sentiu o clarão. Uma luz forte azulada invadiu os olhos e a mente dela. Ela esperou. Não sentia nada. E depois, puxou o ar com o pouco da força que restava. Seu peito, perna e braços doeram. Levantou a mão direita até a testa, e ainda de olhos fechados, levou-a até o nariz. Era sangue.
Mel não percebeu, mas chorava. Não era aquilo que ela queria. Não queria sentir cheiro. Não queria sentir o sangue. Queria só ir pra junto do seu Alex. A dor de estar viva doía muito mais do que qualquer outra dor física. Mel chorava feito criança.
Abriu os olhos com muito cuidado, tinha medo de não acreditar no que via. Era como um pesadelo. Olhou pra frente e viu a dianteira do seu carro totalmente amassada, o vidro da frente quebrado em caquinhos pequenos, e o carro quase em baixo de um quatro por quatro muito grande, que quase não tinha amassados. Associou sons a possíveis imagens, e desenhou todo o acidente em sua mente.
Mel ainda chorava. Os soluços faziam o peito doer ainda mais. Viu a porta do carro sendo aberta e uma rajada de vendo forte entrou, fazendo doer o corte profundo que tinha na testa. Alguém que ela não via o rosto perguntou o que ela estava sentindo. Mel não conseguia falar.
A dor tomava conta das cordas vocais. Sentiu o sangue subir na garganta. Não entendia porque não havia morrido, as peças não se encaixavam. Repassava os cálculos que havia feito e pensou que talvez se tivesse aumentado um pouco mais a velocidade, talvez a morte viria...
Em meio a todos os devaneios, a voz insistia. Mel ouvia apenas os finais das frases: “...em?”, “...indo?” Quando virou o rosto para olhar quem a interrompera do seu profundo e amado desejo de morte, assustou-se.
Um cara grande, de blusa pólo azul e calças jeans, cabelos lisos pretos suados e olhos de um azul concentrado a encarava esperando que ela respondesse. Sabia que ela estava respirando, mas não sabia o quanto ia durar. Mel continuava sem responder, mas passou a se concentrar mais nas frases: “Ei Moça, a senhora está bem?”, “Moça, está me ouvindo?”
Mel pensou em balançar a cabeça, mas uma pontada na nuca surgiu. Não sabia o que fazer, fechou os olhos de novo, contou até três e chamou por Alex. Foi a última coisa que ela viu, até o clarão azulado surgir novamente...
Tays Esquivel.

2 comentários:

  1. oie, deixei um selo para vocês no meu blog!

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  2. Oi! Estou aqui para comunicar que o blog Truths of a Heart, abriu vagas para a Equipe do blog.
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